As fotografias estão a correr mundo. O atleta olímpico mais medalhado de sempre está repleto de manchas circulares negras. Mas o que são e de onde vêm? O Portal Sapo perguntou-nos a nossa opinião…
O norte-americano está a recorrer à técnica de Cupping, um tratamento da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), para acelerar a sua recuperação. Hélder flor, especialista português em medicina tradicional chinesa, explica os benefícios da técnica milenar.
A aplicação de sucção na pele, através de calor ou pressão de ar, é muito comum na Medicina Tradicional Chinesa, fazendo parte de um tratamento que é utilizado para “combater a estagnação sanguínea e para promover a livre circulação da energia, tendo especial eficácia no alívio de dores”, explica o terapeuta.
“As ventosas são mais eficazes do que uma massagem já que estimulam muito mais a circulação. Costumo dizer que para conseguir ter o mesmo efeito das ventosas, teria que estar a massajar aquela zona durante duas ou três horas. Além disso, o cupping puxa os músculos para cima o que provoca o estiramento muscular, sendo extremamente eficaz na recuperação de lesões como tendinites, dor ciática ou contraturas musculares. O efeito de sucção na pele faz com que o ar quente dentro dos copos tenha uma densidade mais baixa e à medida que arrefece junto à pele, diminua a tensão no local”, continua o especialista.
No caso dos nadadores olímpicos, esta técnica pode contribuir para: “Uma recuperação muito mais rápida de prova para prova ou para a rápida recuperação de lesões”, esclarece Hélder Flor.
Já quanto às marcas da pele e às suas cores o terapeuta esclarece: “Enquanto está aquela marca na pele é sinal de que o tratamento está a atuar. Quanto mais escura ficar, mais tenso estará o músculo ou com maior inflamação está a zona. As marcas podem ficar visíveis durante cerca de uma semana, salvo nalguns casos de maior tensão”.
Mas não é preciso ser um nadador olímpico para beneficiar deste tratamento, embora seja requerido o conhecimento de um especialista para o aplicar.
O Cupping é feito, como explica o terapeuta, da seguinte maneira: “Dependendo do tipo de ventosas utilizadas, as mais modernas (em plástico) tem um género de pistola que se usa para retirar o oxigénio das ventosas. Mas também podem ser de vidro ou de bambu. No caso das duas últimas, a aplicação no corpo é feita com uma fonte de calor, colocando-se rapidamente a ventosa na pele que pode ficar imóvel na zona ou, nalguns casos, ser movida pelo terapeuta. Normalmente, são colocadas cerca de 5 a 10 minutos, consoante o tipo de pele, sendo que o paciente sente apenas uma sensação de calor na região de tratamento”, refere.
Já quanto às alegações da Federação Russa sobre a prática, Hélder Flor contrapõe: “As ventosas não são doping, mas sim uma forma de aproveitar as defesas que o nosso organismo tem para tratar a zona que está a precisar. No fundo o organismo vê a ventosa como uma agressão e vai enviar para essa zona uma série de substâncias naturais (analgésicas e anti-inflamatórias) que vão tratar o problema. É uma reação normal do nosso organismo e pode ser bastante benéfica quando bem utilizada”.